APRESENTAÇÃO BREVE.
Não são poucos os trabalhos que correm o mundo, relativamente à Igreja de Cristo e às tarefas gloriosas dos Apóstolos do Mestre Jesus.
E, este não é apenas mais um dentre os muitos trabalhos.
Minha intenção consiste em apresentar uma compilação onde o papel humano da Igreja Primitiva dos Apóstolos e alguma coisa das tradições do plano espiritual acerca dos trabalhos confiados aos grandes amigos do Divino Mestre, sejam colocados de forma esclarecedora no que tange ao chamado, resposta e disponibilidade ao Serviço do Reino de Deus.
O convite ao ministério chega, às vezes, de maneira sutil, inesperadamente; a maioria, porém, resiste ao chamado generoso do Senhor. Com os Apóstolos, esse chamado, essa resposta e essa disponibilidade, nos tocam o coração e avulta muito mais aos nossos olhos, porque eles (os Apóstolos) ouviram o Divino Chamado e, negaram-se a si mesmos, arrependeram-se, tomaram suas cruzes e seguiram o Cristo até o fim de suas tarefes neste mundo, preparando o Mundo Vindouro. Fizeram isto entre perseguições, enfermidades, apodos, zombarias, desilusões, deserções, pedradas, açoites e encarceramentos. Foram homens intrépidos e sinceros, caminhando entre as sombras do mundo, ao encontro do Mestre dos Mestres que se fizera ouvir nas encruzilhadas das suas vidas. Foram muito mais que predestinados, foram realizadores que trabalharam diariamente para LUZ que é JESUS, e, como vemos esse Nome também rima com CRUZ.
Entre eles e Jesus havia um abismo que souberam transpor. Como eles é objetivo individual e particular de cada um desse Povo de Deus, ir ao encontro de Jesus, nosso Abençoado Salvador.
Outra finalidade deste trabalho é reconhecer que os Apóstolos não poderiam chegar a essa possibilidade, em ação isolada no mundo, mas sim, praticando, antes de tudo, a figura do cooperador fiel, na sua legítima feição de homens transformados por Jesus Cristo. A história real dos Apóstolos vem confirmar a necessidade e a universalidade da lei de cooperação. E, para verificar a amplitude desse conceito, recordo que Jesus, cuja misericórdia e poder abrangiam tudo, procurou a companhia de doze auxiliares, a fim de empreender a renovação do mundo.
Aliás, sem COOPERAÇÃO, não poderia existir AMOR; e o AMOR é a FORÇA de DEUS, que equilibra o Universo. Mas, o calor da cooperação e as Igrejas da atualidade, foram amornecidas e os falsos desejos dos crentes, nos diversos setores do Cristianismo, justificam minha intenção neste trabalho compilatório. Vejo em toda parte, que há tendências à ociosidade do espíritoe manifestações de menor esforço. Muitos discípulos disputamasprerrogativasdeEstado,enquanto outros, distanciados voluntariamente do trabalho justo, suplicam a proteção sobrenatural do Céu.
Templos e devotos entregam-se, gostosamente, às situações acomodatícias, preferindo as dominações e regalos de ordem material.
Observando esse panorama sentimental é útil recordar a figura inesquecível do Apóstolo de Damasco. Desde já vejo os críticos consultando textos e combinando versículos para trazerem à tona os erros deste meu tentame singelo. Aos bem-intencionados agradeço sinceramente, por conhecer a minha expressão de criatura FALÍVEL, declarando que foi compilado para os que vivem em espírito; e ao pedantismo dogmático, ou literário, de todos os tempos, recorro ao EVANGELHO para repetir que: se a Letra(Lei) mata, o Espírito(Santo) vivifica.
A Igreja de Cristo.
1. Cristo queria realmente fundar uma Igreja?
Nada existe nos Evangelhos que nos autorize a supor que Cristo deixou à humanidade uma Igreja pronta e acabada. Nem sequer um projeto ou esboço de projeto.
2. Cristo não veio fundar mais uma religião, mas abrir um novo espaço religioso.
Legou à posteridade um espírito, uma intenção e um propósito, juntamente com os meios essenciais de pô-los em prática.
Esta função Ele a confiou a seus seguidores. Estes a exemplo do Apóstolo Paulo, foram organizando por toda a extensão do Império Romano comunidades de fé em Cristo[l].
Estas comunidades ou Igrejas locais não obedeciam sempre a um único modelo sócio-cultural[2]. Neste terreno a diversidade merecia o mesmo respeito que a preocupação pela unidade[3]. Sem esta diversificação a catolicidade perderia o seu sentido e em seu lugar surgiria o império da uniformidade.
Que haja espaço para as Igrejas locais dentro do corpo da Igreja universal[4], é o que de mais normal se pode esperar de um corpo social sadio e bem organizado.
3. Cristo queria uma instituição encarregada de zelar pêlos interesses do céu ou queria uma Igreja que cuidasse da comunidade de fiéis?
Temos hoje tantas igrejas particulares que não é mais possível saber qual delas é verdadeiramente universal. São várias centenas e cada uma delas representa um ambiente sócio e cultural fechado em grau maior ou menor. Em todas elas predominam tanto o individualismo quanto o gregarismo e o espírito de rebanho.
Motivo de escândalo não é a diversidade, mas a divisão que as separa entre si. Diferenças que poderiam ter contribuído para enriquecer a todos, foram transformadas em muros que separam.
4. Cristo nunca criou um espaço físico especial. Qualquer lugar era bom.
Em 70 d.C. os judeus perderam o Templo. Com o Templo deixaram de existir duas instituições religiosas fundamentais na aparência: o sacerdócio e o sacrifício.
Até hoje os judeus sobrevivem sem templos, sem sacerdotes e sem sacrifícios. O que prova que não eram essenciais.
A Igreja de Cristo é qualquer ambiente ou lugar onde pessoas se reúnem e se encontram como irmãos e filhos do mesmo Deus. Não interessa o rótulo que vier a ser dado a estes encontros.
Pouco importa saber qual a Igreja.
O Espírito Santo não depende de nenhuma instituição. Sopra onde quer. E com a força que quer.
A renovação da Unidade Eclesial será obra do Espírito Santo e terá características de restauração. Isto é, de retorno a um modelo original[5]. Pode acontecer com a impetuosidade de um vendaval violento, como em Pentecostes, dia em que a Igreja nasceu para o mundo.
Às mais das vezes a transformação se dará de forma sutil semelhante ao sopro de uma brisa amena, quase imperceptível.
Mas estes são aspectos que envolvem a ação do Espírito Santo, e, nenhuma necessidade há que Lhe lembremos a parte da responsabilidade que Lhe cabe.
Quem precisa ser acordados somos nós, carismáticos ou progressistas, e não o Espírito Santo.
Não é batendo palmas e cantando horas a fio que se irá acordar a enorme legião de adormecidos e sonâmbulos, que representam a maioria estatística das Igrejas cristãs, ao que parece.
O que constitui a essência da Unidade eclesial é a fé em Cristo e esta se mede tomando como critério os frutos que produz, a união afetiva com Cristo e com seus irmãos na fé.
Por isso se pode afirmar que a essência da Igreja de Cristo é invisível e não cabe em números ou em estatísticas. O aparato exterior pode dar uma forte, porém enganosa impressão de unidade, sem que lhe corresponda no interior das consciências, um movimento significativo de aproximação de todos com todos.
5. Por onde iniciar o MOVIMENTO DE RENOVAÇÃO DA IGREJA?
O primeiro passo cada qual que tiver o propósito de dar sua contribuição a este movimento, terá que dá-lo no interior da sua consciência.
O segundo passo é a vivência e a convivência verdadeiramente ecuménica, sem restrições, pois nem o Onipotente Deus faz acepções de pessoas e capacita os escolhidos, [l ] Atos dos Apóstolos: comunidades de Jerusalém, Jope, Lida, Antioquia, Tessalônia, Corinto, Filipo, Síria ... até chegar ao império romano e ao mundo inteiro. [2] Atos dos Apóstolos: Diferenças entre as comunidades de Jerusalém e Antioquia - Tiago e Paulo - circuncisos e incircuncisos.
[3] Os Homens do Caminho, como eram conhecidos os Apóstolos, na estrada de Jope, na Comunidade de Jerusalém, atendiam, recebiam e cuidavam de todos, sem distinguir judeus ou cristãos e nesta diversidade viviam a unidade.
[4] Seja ela a de Jerusalém, ou da Antioquia, ou de Bizâncio e mesmo de Roma. [5] Não por obras humanas, mas, pela Graça do Espírito Santo a Igreja de Cristo está sendo
restaurada e em algumas décadas será como na primitividade. "Que todos sejam um".
Reflexão ecumênica.
A comunhão solidária de todos em Cristo Jesus desapareceu e com ela também o ecumenismo perdeu seu poder de aglutinação.
Enquanto o ecumenismo não for mais que um movimento político externo destinado a desativar barreiras de natureza jurídica e teológica, suas chances de sucesso serão sempre precárias.
Enquanto a preocupação pelo retorno à unidade perdida não vier a constituir elemento básico da consciência coletiva de cada comunidade em particular, o esforço dos dirigentes eclesiásticos dificilmente terá alguma chance real de êxito.
No século XV[6] já se tentou restabelecer a unidade do mundo cristão por decreto. Não deu certo. Como restabelecer por decreto o que foi perdido não por decreto, mas por falta de espírito ecuménico? Toda estreiteza de espírito sempre termina em cisma!
Os culpados não são tanto os que propõem mudanças, quanto os que se opõem sistematicamente a qualquer proposta inovadora. O maior responsável pelo cisma protestante não foi Lutero, mas o papado romano que não soube lidar com o desafio que representavam as teses de Lutero. E, o que poderia ter sido uma bela oportunidade de renovação, terminou melancolicamente em ruptura e até mesmo em hostilidade entre Igrejas irmãs.
As diferenças estão ai para serem valorizadas. E isto se consegue integrando-as num Todo maior. O ser humano responsável pelas diferenças é o mesmo. O Cristo de todas as Igrejas é o mesmo. Por que separar o que Deus uniu? Por que se negar a unir o que no pensamento e nas intenções de Cristo nunca esteve separado?
Que tenham um chefe comum aqui na terra, não é importante, já que todas elas têm a Cristo como Cabeça e Chefe Supremo. Todas são imperfeitas, incompletas e faltam-lhes muito para merecerem o título honroso de membro vivos do Corpo Místico de Cristo.
Se continuarem separadas como agora, nenhuma das Igrejas terá futuro. Pode-se afirmar sem medo de exagero que a unidade das Igrejas é a pedra de toque a partir da qual é lícito medir o grau de catolicidade da Igreja de Cristo.
Ela, a Unidade, é o fruto da comunhão de almas irmanadas na mesma fé em Cristo. Toda autêntica unidade brota de união que não só tolera a diversidade, mas a gera e integra no todo. Unidade sem diversidade é uniformidade e esta é o exato oposto do que se deve entender por unidade. Ou, então, é espúria e falsa.
Isto tem que ser dito não só aos que as dirigem, mas a cada cristão em particular. [6] Concílio de Florença.
Reflexão para a prática.
Temos que nos educarmos e nos formarmos para obedecer aos sadios princípios Cristãos
aos fundamentos bíblicos, buscando formas de aproximação com as diversas denominações
sem lesionarmos a liberdade do homem e o livre aprimoramento dos povos.
Isto requer trabalho, tempo, espaço e feitos (ações/atitudes) para que surja uma amizade
fraterna e uma confiança plena de parte a parte.
A Igreja de Cristo deve ser antes de tudo, uma família de Amor, não uma empresa onde o
"id quod" (=esmola) vale mais do que o "modus quo" (=o abraço que acompanha a
esmola). Igreja é por definição uma comunidade de eleitos. "Não fostes vós que me
escolheste, mas fui EU que vos escolhi" (Jo 15,16). Devemos sempre nos reunir para orar
não para criticar, atacar e perseguir aos que se encontram em erros ou possivelmente
equivocados. Quem julga é Deus, não os homens!
A sobrevivência da Igreja de Cristo depende do Ecumenismo e este, depende de nós, pois o
futuro da humanidade vai precisar cada vez mais de líderes compreensivos e dispostos ao
diálogo.
Como pode conversar com o seu Deus aquele que se nega a dialogar com seus irmãos?
Se quisermos que a humanidade toda se uma e forme uma grande família (objetivo
ecuménico), então é o caso de se perguntar:
Quem vai ser o Pai Comum de todos?
Quem vai dizer quem é irmão de quem?
Jesus foi explícito: "Nisto conhecerão que sois meus discípulos se vos amardes uns aos
outros como EU vos amei".
UMA IGREJA CRISTÃ SE RECONHECE PELO AMOR COM QUE SEUS MEMBROS
SE AMAM UNS AOS OUTROS.
POST SCRIPTUM.
A palavra Igreja vem do latim Eclésia, que por sua vez deriva do grego, Ekklesía, que quer dizer "reunião de pessoas convidadas". Assim, Igreja é definida como: "Comunidade dos que crêem em Cristo, confortados pêlos sacramentos e assistidos pelo Espírito Santo, peregrinam pelo mundo, juntamente com seus pastores, continuando a Obra Salvadora operada por Cristo. (LG 20)".
Portanto: Igreja é Comunidade, é Povo de Deus, é Corpo Místico de Cristo. Cristo é a Cabeça desse corpo místico, Ele quem definiu a Missão de seus discípulos, exortando-os a pregar a Boa Notícia do Reino, a batizar em nome da Trindade e a manter a unidade.
"Vão, portanto, e façam com que todos os povos se tomem meus discípulos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo". (Mt 28,19).
O grande desejo de Nosso Senhor Jesus Cristo, ao estabelecer as bases para sua Igreja, que seria fundada depois em Pentecostes, é o desenvolvimento da missão "Vão, preguem... batizem... testemunhem" e a manutenção da unidade "que todos sejam um". Sem o Espírito Santo a Igreja seria como um corpo sem alma, uma sociedade humana, cultural, social como qualquer outra. O Espírito de Deus se faz presente na comunidade que crê, tal como fez no dia de Pentecostes, quando o Povo de Deus estava reunido em oração e atitude de espera. A Unidade, a comunhão, e o serviço são as condições exigidas pelo Espírito Santo, pois são também seus primeiros frutos na Igreja. A pergunta mais frequente entre cristãos é: quem fundou a Igreja?
Embora a resposta pareça simples, ela traz consigo algumas implicações histórico-teológicas que precisam ser esmiuçadas.
Primeiro, a Igreja tem origem no qãhal (assembleias religiosas) do judaísmo.
Hoje é voz corrente e teoria aceita, que a Igreja foi fundada em Pentecostes, pelo Espírito Santo, que a rege e preside.
A verdade é que a interioridade de Deus é uma Igreja. Quando estamos em comunhão com o Pai, vivemos o mistério eclesial da comunhão e da participação.
No aspecto das características, podemos enxergar a Igreja divina e a Igreja humana, à qual foram atribuídas quatro notas: una, santa, católica (universal) e apostólica. A Igreja já foi, antes do Concílio Vaticano H, vista como uma "instituição perfeita"; hoje, depois de séculos de controvérsias e questões, se diz que a Igreja é "santa e pecadora", isto é, tem santidade pois vem de Deus e a ele conduz, e é pecadora, porque é feita por homens.
Bibliografia: A IGREJA QUE EU AMO - Padre José Marcos Bach S.J. ÉPRECISO PLANTAR UMA NOVA IGREJA - Padre José Marcos Bach S. J. PAULO E ESTÊVÃO - Francisco Cândido Xavier. CURSO BÁSICO DE TEOLOGIA - António Mesquita Galvão.
Compilação de:
+Paulo Bacalháo de Barros Lobo
Bispo da CATHOLIC CHARISMATIC CHURCH no Brasil
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