++John McClellan Marshal
Bispo da Diocese Anglicana do Texas II
Arcepispo Metropolitano do Sul
Igreja Católica Carismática (Sucessão Vétero Católica)
XXXIX Artigos de Religião
Estabelecidos
pelos Bispos, Clérigos e Leigos da Igreja Episcopal Protestante dos
Estados Unidos da América do Norte no dia 12 de setembro do Ano do
Senhor de 1801.
ARTIGO I – DA FÉ NA SANTÍSSIMA TRINDADE.
Há
um único Deus, vivo e verdadeiro, eterno, sem corpo, sem partes nem
paixões, de infinito poder, sabedoria e bondade; Criador e Conservador
de todas as coisas visíveis e invisíveis. E na unidade desta Divindade
há três Pessoas, da mesma substância, poder e eternidade: o Pai, o
Filho, e o Espírito Santo.
ARTIGO II – DO VERBO OU FILHO DE DEUS, QUE SE FEZ VERDADEIRO HOMEM
O
Filho, que é o Verbo do Pai, gerado ab aeterno do Pai, verdadeiro e
sempiterno Deus, e consubstancial com o Pai, tomou a natureza humana no
ventre da bendita Virgem e da Sua substância; de sorte que as duas
inteiras e perfeitas Naturezas, isto é, Divina e Humana, se reuniram em
uma Pessoa, para nunca mais se separarem, das quais resultou Cristo,
verdadeiro Deus e verdadeiro Homem; que verdadeiramente padeceu, foi
crucificado, morto e sepultado, para reconciliar Seu Pai conosco, e ser
vítima não só pela culpa original, mas também pelos atuais pecados dos
homens.
ARTIGO III – DA DESCIDA DE CRISTO AO HADES.
Assim como Cristo morreu por nós, e foi sepultado; assim também deve ser crido que desceu ao Hades.
ARTIGO IV – DA RESSURREIÇÃO DE CRISTO.
Cristo
verdadeiramente ressurgiu dos mortos e tomou de novo o Seu corpo, com
carne, ossos e tudo o mais pertencente à perfeição da natureza humana;
com o que subiu ao Céu, e lá está assentado, até que volte a julgar
todos os homens, no derradeiro dia.
ARTIGO V – DO ESPÍRITO SANTO
O
Espírito Santo, procedente do Pai e do Filho, é da mesma substância,
majestade e glória que o Pai e o Filho, verdadeiro e eterno Deus.
ARTIGO VI - DA SUFICIÊNCIA DAS ESCRITURAS SAGRADAS PARA A SALVAÇÃO
A
Escritura Sagrada contém todas as coisas necessárias para a salvação;
de modo que tudo o que nela não se lê, nem por ela se pode provar, não
deve ser exigido de pessoa alguma seja crido como artigo de Fé ou
julgado como requerido ou necessário para a salvação. Pelo nome de
Escritura Sagrada entendemos os Livros canônicos do Velho e Novo
Testamentos, de cuja autoridade jamais houve qualquer dúvida na Igreja.
DOS NOMES E NÚMEROS DOS LIVROS CANÔNICOS
Gênesis
Êxodo
Levítico
Números
Deuteronômio
Josué
Juízes
Ruth
Primeiro Livro de Samuel
Segundo Livro de Samuel
Primeiro Livro de Reis
Segundo Livro de Reis
Primeiro Livro de Crônicas
Segundo Livro de Crônicas
Primeiro Livro de Esdras
Segundo Livro de Esdras(Neemias)
Ester
Jó
Salmos
Provérbios
Eclesiastes ou Pregador
Cântico dos Cânticos
Os quatro Profetas Maiores
Os doze Profetas Menores.
E
os outros Livros (como diz Jerônimo) a Igreja os lê para exemplo de
vida e instrução de costumes; mas não os aplica para estabelecer
doutrina alguma; tais são os seguintes:
Terceiro livro de Esdras
Quarto Livro de Esdras
Livro de Tobias
Livro de Judite
O restante dos livros de Ester
Livro da Sabedoria
Jesus, filho de Sirac
O Profeta Baruch
O Cântico dos Três Mancebos
A história de Suzana
De Bel e o Dragão
Oração de Manassés
Segundo Livro de Macabeus.
Recebemos e contamos por canônicos todos os Livros do Novo Testamento, como são comumente recebidos.
ARTIGO VII – DO VELHO TESTAMENTO
O
Velho Testamento não é contrário ao Novo; porquanto em ambos, tanto
Velho como Novo, se oferece a vida eterna ao gênero humano, por Cristo,
que é o único mediador entre Deus e o homem sendo ele mesmo Deus e
homem. Portanto não devem ser ouvidos os que pretendem que os antigos
pais só esperaram promessas transitórias. Ainda que a Lei de Deus, dada
por meio de Moisés, no que respeita a Cerimônia e Ritos, não obrigue os
cristãos, nem devem ser recebidos necessariamente os seus preceitos
civis em nenhuma comunidade; todavia, não há cristão algum que esteja
isento, da obediência aos Mandamentos que se chamam Morais.
ARTIGO VIII – DOS CREDOS
O
Credo Niceno e o que ordinariamente se chama Símbolo dos Apóstolos
devem ser inteiramente recebidos e cridos; porque se podem provar com
autoridade muito certas da Escritura Sagrada.
ARTIGO IX – DO PECADO ORIGINAL
O
pecado original não consiste na imitação de Adão (como vãmente pregado
pelos Pelagianos); é, porém, a falta e corrupção da Natureza de todo o
homem gerado naturalmente da semente de Adão; pelas quais o homem dista
muitíssimo da retidão original e é de sua própria natureza inclinado ao
mal, de sorte que toda a carne sempre cobiça contra o espírito; e, por
isso, toda pessoa que nasce neste mundo merece a ira e condenação de
Deus. E esta infecção da natureza ainda permanece também nos que são
regenerados, pela qual o apetite carnal chamado em grego Phrônema sarkós
(que uns interpretam sabedoria, outros sensualidade, outros afeição e
outros desejo carnal), não sujeito à Lei de Deus e apesar de que não há
condenação para os que crêem e são batizados, contudo o Apóstolo
confessa que a concupiscência e luxúria têm de si mesmas a natureza do
pecado.
ARTIGO X – DO LIVRE ARBÍTRIO
A
condição do homem depois da queda de Adão é tal que ele não pode
converter-se e preparar-se a si mesmo por sua própria força natural e
boas obras, para a fé e invocação a Deus. Portanto não temos o poder de
fazer boas obras agradáveis e aceitáveis a Deus, sem que a graça de Deus
por Cristo nos previna, para que tenhamos boa vontade, e coopere
conosco enquanto temos essa boa vontade.
ARTIGO XI – DA JUSTIFICAÇÃO DO HOMEM
Somos
reputados justos perante Deus, somente pelo mérito do nosso Senhor e
Salvador Jesus Cristo pela Fé, e não por nossos próprios merecimentos e
obras. Portanto, é doutrina mui saudável e cheia de consolação a de que
somos justificados somente pela Fé, como se expõe mais amplamente na
Homília da Justificação.
ARTIGO XII – DAS BOAS OBRAS
Ainda
que as boas obras, que são os frutos da Fé, e seguem a Justificação,
não possam expiar os nosso pecados, nem suportar a severidade do Juízo
de Deus; são, todavia, agradáveis e aceitáveis a Deus em Cristo, e
brotam necessariamente duma verdadeira e viva Fé; tanto que por elas se
pode conhecer tão evidentemente uma fé viva como uma árvore se julga
pelo fruto.
ARTIGO XIII – DAS OBRAS ANTES DA JUSTIFICAÇÃO
As
obras feitas antes da graça de Cristo, e da inspiração do seu espírito,
não são agradáveis a Deus, porquanto não procedem da fé em Jesus
Cristo; nem fazem os homens dignos de receber a graça, nem (como dizem
os autores escolásticos) merecem a graça de côngruo; muito pelo
contrário visto que elas não são feitas como Deus quis e ordenou que
fossem feitas, não duvidamos terem elas a natureza do pecado.
ARTIGO XIV – DAS OBRAS DE SUPEREROGAÇÃO
As
obras voluntárias, que excedem os Mandamentos de Deus, e que se chamam
Obras de Supererogação, não se pode ensinar sem arrogância e impiedade;
porque por elas declaram os homens que não só rendem a Deus tudo a que
são obrigados, mas também a favor dele fazem mais do que, como rigoroso
dever, lhes é requerido; ainda que Cristo claramente disse: Quando
tiveres feito tudo o que vos está ordenado dizei: Somos servos inúteis.
ARTIGO XV – DE CRISTO, ÚNICO SEM PECADO
Cristo,
na verdade de nossa natureza foi feito semelhante a nós em todas as
coisas exceto no pecado, do qual foi totalmente isento, tanto na sua
carne como no Seu espírito. Ele veio para ser o Cordeiro imaculado, que,
pelo sacrifício de si mesmo uma vez oferecido tirasse os pecados do
mundo; e o pecado (como diz S. João) não estava nele. Porém nós, os
demais homens, posto que batizados, e nascidos de novo em Cristo, ainda
pecamos em muitas coisas; e se dissermos que não temos pecado, a nós
mesmos nos enganamos, e não há verdade em nós.
ARTIGO XVI – DO PECADO DEPOIS DO BATISMO
Nem
todo pecado mortal voluntariamente cometido depois do Batismo é pecado
contra o Espírito Santo, e irremissível. Pelo que não se deva negar a
graça do arrependimento aos que tiverem caído em pecado depois do
Batismo. Depois de termos recebido o Espírito Santo, podemos apartar-nos
da graça concedida, e cair em pecado, e pela graça de Deus levantar-nos
de novo e emendar nossas vidas. Devem, portanto, ser condenados os que
dizem que já não podem pecar mais, enquanto aqui vivem, ou os que negam
a oportunidade de perdão às pessoas verdadeiramente arrependidas.
ARTIGO XVII – PREDESTINAÇÃO E ELEIÇÃO
A
predestinação para a vida é o eterno propósito de Deus, pelo qual
(antes de lançados os fundamentos do mundo) tem constantemente decretado
por seu conselho, a nós oculto, livrar da maldição e condenação os que
elegeu em Cristo dentre o gênero humano, e conduzi-los por Cristo à
salvação eterna, como vasos feitos para a honra. Por isso os que se
acham dotados de um tão excelente benefício de Deus, são chamados
segundo o propósito de Deus, por seu Espírito operando em tempo devido;
pela graça obedecem à vocação; são justificados gratuitamente; são
feitos filhos de Deus por adoção; são criados conforme à imagem de Seu
Unigênito Filho Jesus Cristo; vivem religiosamente em boas obras, e
enfim chegam, pela misericórdia de Deus, à felicidade eterna.
Assim
como a pia consideração da Predestinação, e da nossa Eleição em Cristo,
é cheia de um doce, suave, e inexplicável conforto para as pessoas
devotas, e os que sentem em si mesmos a operação do Espírito de Cristo,
mortificando as obras da carne, e seus membros terrenos, e levantando o
seu pensamento às coisas altas e celestiais, não só porque muito
estabelece e confirma a sua fé na salvação eterna que hão de gozar por
meio de Cristo, mas porque veemente acende o seu amor para com Deus;
assim para as pessoas curiosas e carnais, destituídas do Espírito de
Cristo, o ter de contínuo diante dos seus olhos a sentença da
Predestinação de Deus, é um princípio muitíssimo perigoso, por onde o
Diabo as arrasta ao desespero, ou a que vivam numa segurança de vida
impuríssima, não menos perigosa que a desesperação.
Além
disso devemos receber as promessas de Deus de modo que nos são
geralmente propostas nas Escrituras Sagradas; e seguir em nossas obras a
Vontade de Deus, que nos é expressamente declarada na Sua Palavra.
ARTIGO XVIII – DE OBTER A SALVAÇÃO ETERNA UNICAMENTE PELO NOME DE CRISTO
Devem
ser também tidos por amaldiçoados os que se atrevem a dizer que todo o
homem será salvo pela lei ou seita que professa, contanto que seja
cuidadoso em modelar sua vida segundo essa lei e o lume da natureza.
Porque a Escritura Santa somente nos propõe o Nome de Jesus Cristo, como
único meio pelo qual os homens se hão de salvar.
ARTIGO XIX – DA IGREJA
A
Igreja visível de Cristo é uma congregação de fiéis, na qual é pregada a
pura Palavra de Deus, e são devidamente administrados os Sacramentos
conforme à Instituição de Cristo em todas as coisas que necessariamente
se requerem neles.
Assim
como a Igreja de Jerusalém, de Alexandria, e de Antioquia erraram;
assim também a Igreja de Roma errou, não só quanto às suas práticas,
ritos e cerimônias, mas também em matéria de fé.
ARTIGO XX – DA AUTORIDADE DA IGREJA
A
Igreja tem poder de decretar Ritos ou Cerimônias, e autoridade nas
controvérsias da Fé, todavia não é lícito à Igreja ordenar coisa alguma
contrária à Palavra de Deus escrita, nem expor um lugar da Escritura de
modo que repugne a outro. Portanto, se bem que a Igreja seja testemunha e
guarda da Escritura Sagrada, todavia, assim como não é lícito decretar
coisa alguma contra ela, também não se deve obrigar a que seja
acreditada coisa alguma, que nela não se encontra, como necessária para a
salvação.
ARTIGO XXI – DA AUTORIDADE DOS CONCÍLIOS GERAIS
[O
vigésimo primeiro artigo dos precedentes é omitido porque é, em parte,
dum caráter local e civil, e é provido, no tocante às restantes partes
dele, em outros artigos.]
ARTIGO XXII– DO PURGATÓRIO
A
doutrina romana relativa ao Purgatório, Indulgências, Veneração e
Adoração tanto de imagens como de relíquias, e também à invocação dos
Santos, é uma coisa fútil e vãmente inventada, que não se funda em
testemunho algum da Escritura, mas ao contrário repugna à Palavra de
Deus.
ARTIGO XXIII – DA MINISTRAÇÃO NA IGREJA
A
ninguém é lícito tomar sobre si o cargo de pregar publicamente, ou
administrar os Sacramentos na Congregação, antes que seja legalmente
chamado, e enviado a executá-lo. E devemos julgar por legalmente
chamados e enviados aqueles que tiverem sido escolhidos e chamados para
esta obra pelos homens revestidos publicamente de autoridade, dada a
eles na Congregação, para chamar e enviar Ministros à Vinha do Senhor.
ARTIGO XXIV – DA LÍNGUA VERNÁCULA DO CULTO
Repugna
evidentemente à Palavra de Deus, e ao uso da Igreja Primitiva dizer
Orações Públicas na Igreja, ou administrar os Sacramentos em língua que o
povo não entende.
ARTIGO XXV – DOS SACRAMENTOS
Os
Sacramentos instituídos por Cristo não são unicamente designações ou
indícios da profissão dos Cristãos, mas antes testemunhos certos e
firmes, e sinais eficazes da graça, e da boa vontade de Deus para
conosco pelos quais ele opera invisivelmente em nós, e não só vivifica,
mas também fortalece e confirma a nossa fé nele.
São dois os Sacramentos instituídos por Cristo nosso Senhor no Evangelho, isto é, o Batismo e a Ceia do Senhor.
Os
cinco vulgarmente chamados Sacramentos, isto é, Confirmação,
Penitência, Ordens, Matrimônio, e Extrema Unção, não devem ser contados
como Sacramento do Evangelho, tendo em parte emanado duma viciosa
imitação dos Apóstolos, e sendo em parte estados de vida aprovados nas
Escrituras; não tem, contudo, a mesma natureza de Sacramentos peculiar
ao Batismo e à Ceia do Senhor, porque não tem sinal algum visível ou
cerimônia instituída por Deus.
Os
Sacramentos não foram instituídos por Cristo para servirem de
espetáculo, ou serem levados em procissão, mas sim para devidamente os
utilizarmos. E só nas pessoas que dignamente os recebem é que produzem
um saudável efeito ou operação; mas os que indignamente os recebem
adquirem para si mesmos a condenação, como diz São Paulo.
ARTIGO XXVI – DA INDIGNIDADE DOS MINISTROS, A QUAL NÃO IMPEDE O EFEITO DOS SACRAMENTOS
Ainda
que na Igreja visível os maus sempre estejam misturados com os bons, e
às vezes os maus tenham a principal autoridade na Administração da
Palavra e dos Sacramentos; todavia, como o não fazem em seu próprio
nome, mas no de Cristo, e em comissão e por autoridade dele administram,
podemos usar do seu Ministério, tanto em ouvir a Palavra de Deus, como
em receber os Sacramentos. Nem o efeito da ordenança de Cristo é tirado
pela sua iniqüidade, nem a graça dos dons de Deus diminui para as
pessoas que com fé e devidamente recebem os Sacramentos que se lhe
administram; os quais são eficazes por causa da instituição e promessa
de Cristo, apesar de serem administrados por homens maus.
Não
obstante, à disciplina da Igreja pertence que se inquira acerca dos
Ministros maus, e que sejam estes acusados por quem tenha conhecimento
de seus crimes; e sendo, enfim, reconhecidos culpados, sejam depostos
mediante justa sentença.
ARTIGO XXVII – DO BATISMO
O
Batismo não só é um sinal de profissão e marca de diferença, com que se
distinguem os Cristãos dos que o não são, mas também um sinal de
Regeneração ou Nascimento novo, pelo qual, como por instrumento, os que
recebem o Batismo devidamente, são enxertados na Igreja; as promessas da
remissão dos pecados, e da nossa adoção como filhos de Deus pelo
Espírito Santo, são visivelmente marcadas e seladas, a Fé é confirmada, e
a Graça aumentada por virtude da oração de Deus.
O Batismo das crianças deve conservar-se de qualquer modo na Igreja como sumamente conforme à instituição de Cristo.
ARTIGO XXVIII – DA CEIA DO SENHOR
A
Ceia do Senhor não só é um sinal de mútuo amor que os cristãos devem
ter uns para com os outros; mas antes é um Sacramento da nossa Redenção
pela morte de Cristo, de sorte que para os que devida e dignamente, e
com fé o recebem, o Pão que partimos é uma participação do Corpo de
Cristo; e de igual modo o Cálice de Bênção é uma participação do Sangue
de Cristo.
A
Transubstanciação (ou mudança da substância do Pão e Vinho) na Ceia do
Senhor, não se pode provar pela Escritura Sagrada; mas antes repugna às
palavras terminantes da Escritura, subverte a natureza do Sacramento, e
tem dado ocasião a muitas superstições. O Corpo de Cristo é dado,
tomado, e comido na Ceia, somente dum modo celeste e espiritual. E o
meio pelo qual o Corpo de Cristo é recebido e comido na Ceia é a Fé.
O Sacramento da Ceia do Senhor não foi pela ordenança de Cristo reservado, nem levado em procissão, nem elevado, nem adorado.
ARTIGO XXIX – DOS ÍMPIOS, QUE NÃO COMEM O CORPO DE CRISTO NA CEIA DO SENHOR
Os
ímpios, e os destituídos da fé viva, ainda que carnal e visivelmente
comprimam com os dentes (como diz Santo Agostinho) o Sacramento do Corpo
e Sangue de Cristo; nem por isso são de maneira alguma participantes de
Cristo: mas antes, para sua condenação, comem e bebem o sinal ou
Sacramento de uma coisa tão importante.
ARTIGO XXX – DE AMBAS AS ESPÉCIES
O
Cálice do Senhor não se deve negar aos Leigos; porque ambas as partes
do Sacramento do Senhor, por instituição e ordem de Cristo, devem ser
administradas a todos os cristãos igualmente.
ARTIGO XXXI – DA ÚNICA OBLAÇÃO DE CRISTO CONSUMADA NA CRUZ
A
oblação de Cristo uma só vez consumada é a perfeita redenção,
propiciação, e satisfação por todos os pecados, tanto originais como
atuais, do mundo inteiro; e não há nenhuma outra satisfação pelos
pecados, senão esta unicamente. Portanto os sacrifícios das Missas, nos
quais vulgarmente se dizia que o Sacerdote oferecia Cristo para a
remissão da pena ou culpa, pelos vivos ou mortos, são fábulas blasfemas e
enganos perigosos.
ARTIGO XXXII – DO CASAMENTO DE SACERDOTES
Os
Bispos, Presbíteros e Diáconos não são obrigados, por preceito algum da
lei de Deus, a votar-se ao estado celibatário, ou abster-se do
matrimônio; portanto é-lhes lícito, como aos demais Cristãos, casar como
entenderem, se julgarem que isso lhes é mais útil à piedade.
ARTIGO XXXIII - COMO DEVEMOS EVITAR AS PESSOAS EXCOMUNGADAS
Aquele
que por denúncia pública da Igreja for justamente separado da unidade
da Igreja, e suspenso da Comunhão, deve ser tido por Pagão e Publicano
por todos os fiéis, até que seja mediante penitência recebido nas Igreja
por um juiz que tenha autoridade para isso.
ARTIGO XXXIV – DAS TRADIÇÕES DA IGREJA
Não
é necessário que as tradições e Cerimônias sejam em toda parte as
mesmas, ou totalmente semelhantes; porque em todos os tempos tem sido
diversas, e podem ser alteradas segundo as diversidades dos países,
tempo e costumes dos homens, contanto que nada se estabeleça contrário à
Palavra de Deus. Todo aquele que por seu particular juízo, com ânimo
voluntário e deliberado, quebrar manifestamente as Tradições e
Cerimônias da Igreja, que não são contrárias à Palavra de Deus, e se
acham estabelecidas e aprovadas pela autoridade comum, (para que outros
temam fazer o mesmo), deve ser publicamente repreendido, como quem
ofende a ordem comum da Igreja, fere a autoridade do Magistrado, e
vulnera as consciência dos irmãos débeis.
Toda
a Igreja particular ou nacional tem autoridade, para ordenar, mudar e
abolir as Cerimônias ou Ritos da Igreja, instituídos unicamente pela
autoridade humana, contanto que tudo se faça para edificação.
ARTIGO XXXV – DAS HOMÍLIAS
O
Segundo livro das Homílias, cujos títulos reunimos abaixo deste artigo,
contém doutrina pia, saudável e necessária para estes tempos, como
também o primeiro livro das Homílias, publicado ao tempo de Eduardo VI; e
portanto julgamos que devem ser lidas pelos Ministros, diligente e
distintamente nas Igrejas, para que sejam entendidas pelo povo.
DOS NOMES DAS HOMÍLIAS
1. Do uso correto da Igreja.
2. Contra o perigo da idolatria.
3. Do reparo e asseio das Igrejas.
4. Das boas obras: principalmente jejum.
5. Contra a glutonaria e embriaguez.
6. Contra o luxo do vestuário.
7. Da oração
8. Do lugar e Templo da Oração.
9. De como Orações e Sacramentos se devem ministrar em língua conhecida
10. Da reverente estima à Palavra de Deus.
11. Das esmolas.
12. Da natividade de Cristo.
13. Da Paixão de Cristo.
14. Da ressurreição de Cristo.
15. Da digna recepção do Sacramento do Corpo de Cristo.
16. Dos dons do Espírito Santo.
17. Para os dias de Rogações.
18. Do estado do matrimônio.
19. Do arrependimento.
20. Contra a ociosidade.
21. Contra a rebelião.
[Este
Artigo é recebido nesta Igreja enquanto declara que os livros das
Homílias são explicações da doutrina cristã, e se destinam à instrução
na piedade e moralidade. As referências à constituição e leis da
Inglaterra são, porém, consideradas implacáveis às circunstâncias desta
Igreja pelo que está suspensa também a ordem para leitura das referidas
Homílias nas Igrejas, até que se proceda à revisão que se impõe, para
livrá-las tanto de palavras obsoletas como das referências de natureza
local.]
ARTIGO XXXVI – DA SAGRAÇÃO DE BISPOS E MINISTROS
O
livro da Sagração de Bispos, e Ordenação de Presbíteros e Diáconos,
estabelecido pela Convenção Geral desta Igreja em 1792 contém tudo
quanto é necessário para a referida Sagração e Ordenação; nem há nele
coisa alguma que seja por si mesma supersticiosa e ímpia. E, por
conseqüência, todos aqueles que são sagrados ou ordenados segundo a
referida Fórmula, decretamos que todos eles são reta, canônica e
legalmente ordenados.
ARTIGO XXXVII – DO PODER DOS MAGISTRADOS CIVIS
O
poder do Magistrado Civil estende-se a todos os homens, tanto Clérigo
como Leigos, em todas as coisas temporais; porém não tem autoridade
alguma em coisa puramente espirituais. E temos por dever de todos os
homens que professam o Evangelho o renderem obediência respeitosa à
Autoridade Civil, que é regular e legitimamente constituída.
ARTIGO XXXVIII - DE QUE NÃO SÃO COMUNS OS BENS ENTRE CRISTÃOS
As
riquezas e bens dos cristãos não são comuns quanto ao direito, título e
posse, como falsamente apregoam certos anabatistas. Todos, no entanto,
das coisas que possuem devem dar liberalmente esmola aos pobres, segundo
o seu poder.
ARTIGO XXXIX – DO JURAMENTO DUM CRISTÃO
Assim
como confessamos que o Juramento vão e temerário é proibido aos
cristãos por nosso Senhor Jesus Cristo, e por Tiago, seu apóstolo, assim
também julgamos que a religião cristã de nenhum modo proíbe que uma
pessoa jure quando o Magistrado o exige em causa de fé e caridade;
contanto que isto se faça segundo a doutrina do profeta, em justiça,
juízo e verdade.
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