Igrejas Cristãs
Logo depois da morte de Jesus, seus discípulos diretos fundaram a Igreja primitiva e alguns núcleos cristãos foram edificados por eles, dando início à divulgação da Boa Nova. Os primeiros cristãos foram os discípulos quase todos judeus que acreditavam que Jesus era o Messias, o salvador esperado por sua raça. Os adeptos da nova crença gradativamente foram se afastando do judaísmo, entretanto adotaram as Escrituras do Velho Testamento dos judeus, o que foi fonte de discordâncias entre alguns dos apóstolos, nos primeiros tempos. Mais tarde, apareceu no cenário histórico a figura de Paulo de Tarso, chamado "apóstolo dos gentios". Devido sua profunda dedicação ao ideal do Cristo, as atividades cristãs se multiplicaram e várias comunidades foram fundadas sob sua orientação. A história da vida desse apóstolo, pode ser apreciada na Bíblia, através das cartas que escrevia às Igrejas e aos seus discípulos. Nesses escritos, ele procurava passar as orientações devidas aos núcleos, profundamente apaixonado que era pelo ideal de amor de Jesus. Foi devido a sua coragem e perseverança que a doutrina de Jesus, o Rabi Galileu, não permaneceu circunscrita à comunidade judia e ultrapassou as fronteiras de raça, indo ser semeada para todos os povos.
Neste período, as práticas nos templos seguiam os rituais da antiguidade que os judeus trouxeram da Mesopotâmia, em especial da Babilônia onde havia ficado por mais de 70 anos, desde o reinado de Nabucodonosor. Os adeptos se reuniam para estudar os princípios da moral evangélica, deixada por Jesus. Uns liam, outros interpretavam e eram comuns as manifestações do Espírito Santo, o que para eles era muito natural. A invocação do Espírito Santo era feita através de hinos de louvores, súplicas e bençãos dadas pelos sacerdotes. O batismo era um dos principais rituais dessas Igrejas pois era o princípio dos novos ensinamentos. Através dele o ser humano livrava-se do pecado que o degradou. O sacrifício do corpo e sangue de Cristo, representados pelo pão e vinho, era a oferenda para o Deus Pai. Esses e os outros sacramentos já estavam definidos desde os primórdios pelo próprio Cristo.
A primeira organização da comunidade cristã em forma de igreja, tal como a conhecemos hoje, isto é com um sacerdote que oferece o pão e vinho como sacrifício a Deus, foi em Jerusalém e seu mestre, orientador e chefe máximo foi São Tiago, irmão de Jesus. Acredita-se que a primeira construção utilizada como igreja, isto é templo, foi a casa de João Marcos, onde Cristo realizou a última ceia com seus discípulos. Lá hoje é o Mosteiro de São Marcos, mantido pela Igreja Siríaca Ortodoxa de Antioquia, onde, até hoje funciona o Seminário Teológico de São Marcos, em Jerusalém. Concomitantemente, os outros discípulos, fundaram as igrejas de Antioquia na Síria (S. Pedro), da Mesopotâmia do Norte (S. Judas Tadeu), Alexandria no Egito (S. Marcos). Depois disso, os discípulos e apóstolos avançaram para Oeste, chegando a Roma (S. Pedro e S. Paulo), e de lá para toda a Europa e também para Oriente até a Índia (S.Tomé) . Por onde passavam, ensinavam e deixavam seus representantes e bispos e diáconos.
A organização definitiva das igrejas cristãs ocorre no último quartel do primeiro século do cristianismo tendo por base a estrutura da Igreja de Antioquia, já que Jerusalém fora destruída pelos romanos em 70d.C (acredita-se que os cristãos de Jerusalém teriam fugido antes do cerco dos romanos, pois somente lá permaneceram os judeus fanáticos que se auto-destruíram). A estrutura hierárquica da Igreja Primitiva já compreendia a seguinte estrutura: o Bispo, chefe máximo que administrava diversas comunidades eclesiásticas, os padres que administravam cada comunidade local e os diáconos que ajudavam na celebração das oferendas, cantavam e protegiam a Igreja dos ataques dos opositores, pagãos e outros que procuravam destruir a Igreja nascente.
Com a destruição de Jerusalém, a referência cristã passou para a comunidade de Antioquia, onde S. Pedro estabelecera uma base firme. Para continuar sua missão pelo mundo, S. Pedro deixara em seu lugar um bispo chamado Evódios que dá continuidade aos trabalhos de S. Pedro.
Em 68 d.C. com o falecimento de Evódios, a comunidade elege um outro bispo, S. Inácio (Ighnatios na língua siríaca), cognominado "o iluminador". Foi S. Ignácio quem deu formato final à organização interna e à celebração e ritual da oferenda, ou seja da missa, a qual teve seu início com a liturgia de S. Tiago (essa liturgia é utilizada por todas as Igrejas Apostólicas Originais quais sejam, de Antioquia, Alexandria e Roma e a elas acrescenta-se a de Constantinopla). S. Ignácio promove a música sacra e organiza os cantores em dois grupos (gudo dzamore na língua aramaica), um à esquerda do altar e outro à direita, com o sacerdote no centro olhando o altar e cada grupo canta em resposta ao outro, estrutura esta chamada de antifônica.
A história da Igreja atingiu um momento decisivo em 313, quando o imperador romano Constantino, o Grande, deu aos cristãos a liberdade para a prática de sua religião e o Estado devolveu aos seguidores de Jesus muitos bens materiais que deles haviam sido confiscados no período da perseguição. Após o Concílio de Nicéia, no ano 325 d.C., fixou-se definitivamente o símbolo da fé e a partir daí instalou-se a edificação nos templos, de altares consagrados ao Senhor.
Em 330, Constantino deixou Roma e se estabeleceu a capital do Império numa nova cidade, batizada com seu nome - Constantinopla (atualmente Istambul, na Turquia). A cidade tornou-se então o mais novo centro do cristianismo oriental.
Patriarcado de AlexandriaA Igreja de Alexandria foi fundada pelo apóstolo São Marcos.Fora conferido ali o título de papa, pela primeira vez na história, ao Patriarca Hiraclas, em 232.
Patriarcado de Antioquia
Os fundadores da Igreja Antioquina são os corifeus dos apóstolos, Pedro e Paulo.
O primeiro Concílio Ecumênico reconheceu no bispo de Antioquia a primazia sobre todos os bispos do Oriente, tendo o segundo Concílio confirmado a decisão do primeiro Concílio.
Em 540, os partas (persas) pagãos tomam Antioquia e praticam pilhagens fenomenais, levando a cidade quase à destruição total. O patriarcado então começa uma peregrinação de diversos séculos e somente para em eee
Em 1098 os cruzados ocuparam Antioquia e foram deslocados pelos árabes em 1648. Por isso o Patriarcado Antioquino estabeleceu-se em Damasco no ano de 1342.
Patriarcado dos Assírios
Os assírios da Mesopotâmia Oriental, sob a orientação do bispo de Seleucia-Qutesifon, recusam-se a aceitar a decisão do Concílio de Éfeso e separaram-se da Igreja Antioquina em 451. Seu bispo assume o título de Católicos (=universal).
Igreja MaronitaFundada por um pregador siríaco chamado João Marun, no século V. Em 1183 os maronitas declararam-se independentes do Patriarcado Antioquino e por influência dos cruzados fazem um pacto com o representante do Papa de Roma o qual indicou Eramia Hamchiti como patriarca. O Patriarcado Maronita tem sua sede em Kanubin, nas montanhas do Líbano.
Os GregorianosEm 1050 os gregorianos desligaram-se do Patriarcado Antioquino.No século XVI, as missões religiosas européias começaram a se realizar no Oriente.Em 1648 o Patriarca Makario empreendeu uma visita histórica à Rússia e a todos os países balcânicos.Em 1724 os gregos católicos deixaram a Igreja Antioquina.
Patriarcado de Jerusalém
O apóstolo Jacó fundou a Igreja de Jerusalém (mãe de todas as Igrejas Cristãs). No ano 52 ele presidiu o Sínodo Apostólico.Nesta mesma Igreja, muito depois, em 326 a rainha do Império Romano, Santa Helena, encontrou a Santa Cruz e construiu a Igreja da Ressurreição e da Natividade e mais outros templos sobre a gruta, o Gólgota e o Santo Sepulcro.
Patriarcado Russo
Santo André é considerado o primeiro pregador do cristianismo na Rússia. Propagou-se a doutrina cristã na Rússia na era do Imperador de Bizâncio, Basílio I (867 - 886). A princesa Olga foi batizada em 975 pelo Patriarca Ecumênico, na catedral Hagia Sofia, em Constantinopla.
Em 1657, o Patriarcado Russo passou a ser definitivamente independente, desligando-se do
Patriarcado de Constantinopla.
Patriarcado da Geórgia
O cristianismo ingressou na Geórgia na primeira metade do século IV, por intermédio de uma escrava síria de nome Nuna, que conseguiu converter o rei Mirban para o cristianismo, juntando-se seus adeptos ao Patriarcado de Antioquia.
A Igreja da Geórgia declarou-se independente da Igreja Antioquina no fim da gestão do Patriarca Antioquino Pedro III.
Patriarcado da Sérvia
Os povos da Sérvia adotaram o cristianismo na segunda metade do século IX, ano 870, por intermédio de missionários enviados pelo Patriarcado Ecumênico, sendo a sede de seu bispado a cidade de Rask.
Patriarcado da Romênia
O cristianismo propagou-se na Romênia graças aos esforços do Patriarcado Ecumênico, auxiliado pelos povos eslavos, por intermédio dos missionários bizantinos.
A Romênia, submetida espiritualmente ao Patriarcado de Constantinopla, em 1885, separou-se no tempo do Patriarca Ecumênico Joaquim IV.
Em 1925 o Patriarcado da Romênia foi fundado oficialmente.
Patriarcado da Bulgária
O cristianismo ingressou nos Bálcãs no meado do século IX, graças aos missionários e pregadores enviados pelo Patriarcado Ecumênico.
O rei Boris adotou o cristianismo em 864, graças aos esforços de sua irmã, a princesa Teodora e o gigantesco empenho de Metódio, que concitou o povo Búlgaro a adotar o cristianismo. O rei Simão declarou em 927 o arcebispo da Bulgária Patriarca independente, desligando-o do Patriarcado de Constantinopla, fixando a sede em Dorostol (atual Silestra) e depois em Okhrida e Ternovo.
Nos fins do século XIV (1393 - 1398), a Bulgária fora conquistada pelas armas otomanas que eliminaram o Arcebispado de Ternovo, submetendo as suas dioceses ao Patriarcado de Constantinopla, bem como subordinaram o Arcebispado de Okhrida em 1767 ao Patriarca Ecumênico Samuel. Separou-se a Bulgária do Patriarcado Ecumênico em 1860 e, em 1872 declarou-se definitivamente independente, tornando-se Patriarcado em 1953, sendo oficialmente reconhecida pelas Igrejas Ortodoxas em 1961.
A Igreja de Chipre
O fundador da Igreja de Chipre é o apóstolo Barnabé. Logo após o Concílio de Calcedonia, o Bispo da Igreja de Chipre se rebelou contra a Igreja de Antioquia e aderiu a Igreja de Constantinopla.
Os cruzados invadiram Chipre em 1211, os turcos em 1571 e os britânicos em 1887.
A ilha declarou-se independente e consequentemente uma república em 1960, sendo sua beatitude o Arcebispo Makarios, eleito o primeiro presidente da República. Ele, por direito de ofício religioso, tem as suas prerrogativas próprias: vestir a púrpura e portar o cetro real e usar tinta rubra para as suas assinaturas.
A Igreja da Grécia
As Igrejas da Grécia e de Corinto foram fundadas pelo apóstolo Paulo.
Juntaram-se as duas Igrejas com todas as Igrejas da Grécia sob a égide da Igreja de Tessalônica, no princípio do século II.
A Igreja da Grécia submeteu-se ao Patriarcado Ecumênico em princípios do século VIII, desligando-se do mesmo em 1833, proclamando-se independente, obtendo o alvará de reconhecimento do Patriarcado Ecumênico em 1850.
A Igreja da Albânia
A Igreja da Albânia era uma Diocese do Patriarcado Ecumênico. Declarou-se independente em 1926 e obteve o alvará em 1937, sob a chefia de sua beatitude o arcebispo de Tirana.
A Igreja da Polônia
Após a independência política da nação polonesa, a Igreja da Polônia ficou independente, igualmente, desligando-se do Patriarcado Ecumênico por um decreto do Patriarca de então, Melétio Metaksaky, em 1922, e foi confirmado pelo Patriarca Ecumênico Gregório VII, em 1925.
A Igreja da Polônia, após a guerra mundial, virou uma diocese do Patriarcado da Rússia, restituindo-se em 1961 a sua independência integral.
A Igreja da Tchecoslováquia
A Igreja da Checoslováquia era uma Diocese do Patriarcado Ecumênico, declarando-se independente após a segunda grande guerra, em 1961. O Patriarca de Constantinopla reconheceu-lhe a independência, sendo chefiada pelo arcebispo de Praga.
A Igreja da Ucrânia
O grão-príncipe Volodymyr, o Grande, era filho do grão-príncipe Sviatoslav e neto da grã-princesa Olga, que governou a Rússia-Ucrânia de 980 a 1015, depois de uma breve luta entre os filhos de Sviatoslav pela sucessão. Volodymyr (São Valdomiro Magno) herdou o temperamento guerreiro de seu pai e continuou sua política unindo ao redor de Kyiv (Kiev) todas as tribos eslavas orientais, consolidando seu poder até se tornar imperador de um grande império, dono dos mares Negro, Báltico e Cáspio.
Os principais acontecimentos de seu reinado foram: 1) sua conversão ao cristianismo com o nome de Basílio, que aconteceu no ano de 986, perto de Kyiv, no povoado Vassilkiv; 2) a oficialização do cristianismo e o batismo em massa do povo nas águas do rio Dnipró, no ano de 988; e 3) a organização da Igreja Cristã, que foi um passo de grande importância no desenvolvimento cultural dos eslavos orientais.
Os eslavos orientais, em conjunto, não tinham uma forma de cultura estabelecida, nem um sistema religioso desenvolvido. Essas crenças vagas e indefinidas cederam facilmente ante a Igreja Cristã Bizantina. Não obstante, como não queria ficar lhe devendo nem pedir nada, iniciou uma guerra contra os bizantinos sitiando a cidade Korsunh (Quersones), uma colônia bizantina da Criméia, perto da atual cidade de Sebastopol.
Quando conquistou a cidade, impôs como condição para a paz que lhe dessem como esposa a princesa grega Anna, irmã dos imperadores Basílio e Constantino.
A "Crônica dos tempos passados" narra: "Após a conquista de Korsunh, Volodymyr carregou a princesa Anna, Anastácio (bispo de Quersones), os sacerdotes de Korsunh, como também os objetos litúrgicos e ícones. Quando voltou a Kyiv, ordenou a todos, ricos e pobres, a batizarem-se na fé cristã no rio Dnipró (Dnieper). Após o batismo, no mesmo ano, construiu uma igreja dedicando-a a seu padroeiro, São Basílio, e no ano de 989 começou a construir outra igreja dedicando-a à Santíssima Virgem Maria."
Assim começou a se formar a Igreja Ortodoxa Ucraniana.
A partir deste momento a Igreja Ortodoxa Autocéfala Ucraniana começou a crescer até o ano de 1930, quando o então governo da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas proibiu qualquer atividade religiosa à Igreja Ortodoxa Autocéfala Ucraniana.
Entre os anos de 1930 a 1938 foram fuzilados ou condenados a campos de concentração quase todos os bispos e sacerdotes, e até 1942 a Igreja Ortodoxa Autocéfala Ucraniana praticamente deixou de existir.
Igreja Ortodoxa Russa
Com 250 milhões de fiéis, a Igreja Ortodoxa continua sendo a principal religião da Rússia, do leste e sudeste da Europa.
Igreja Ortodoxa do Egito
É conhecida como Igreja Copta. Mais de oito milhões de cristãos vivem no Egito. Esta Igreja mantém a liturgia antiga, celebrada na língua copta e seu ponto forte é sua inconfundível arte religiosa.
Igreja Ortodoxa Etíope
A Igreja Ortodoxa da Etiópia apresenta características bem peculiares, utiliza a liturgia da Igreja Copta de Alexandria e sempre a ela se refere para questões internas e litúrgicas.